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Missionários salesianos mantêm legado de produzir “Pomada do Padre” para os indígenas

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Nesta semana os missionários salesianos se dedicaram à tarefa de produzir a chamada “pomada do padre” ou “pomada milagrosa”, que é distribuída mensalmente nas aldeias dos povos originários xavante, nas Missões Salesianas de São Marcos e Nova Xavantina. Cada lote produzido chega a 320 potes de 50g.

Quem está à frente dessa produção é o diácono salesiano José Alves de Oliveira, que dedica 3 dias corridos para produzir o medicamento natural. “Aqui temos a cera da abelha, margarina, manteiga, óleo, camomila, guaco, própolis, malva, eucalipto, alfazema, confrei, babosa, e uma série de coisas aqui dentro. Tudo vai ficar cozinhando aqui no banho maria por três dias”, explica o missionário salesiano.  

A pomada foi criada pelo salesiano missionário, P. Bartolomeo Giaccaria, que dedicou mais de 30 anos de sua vida nas missões indígenas de Mato Grosso, especialmente em São Marcos. Vendo as necessidades de saúde de seus destinatários, tais como coceiras, feridas, dores, o salesiano estudou, compilou, adaptou e criou diversos remédios que há anos curam vidas. Entre as várias iniciativas do padre Giaccaria nesse campo, existem o xarope, o xampu, o sabonete medicinal, óleos e “tinturas” diversas.

P. Bartolomeo Giaccaria distribui pomada aos xavante. Foto: Arquivo MSMT

De acordo com o padre Giaccaria, organizador do livro “Algumas Plantas Medicinais: dicas para seu uso correto”, juntamente com a colaboração da irmã Nancy Caicedo, missionária Laurita, “Esse unguento foi estudado especialmente para socorrer os índios com problemas de pele das crianças indígenas. É o resultado do estudo das várias ervas e plantas medicinais, associando-as conforme suas propriedades curativas, tendo o cuidado de evitar o uso de ervas e plantas que tenham efeitos contrastantes entre si”.

Em relação às propriedades, continua padre Giaccaria: “Antirreumática, antidolorífica, contra coceiras, cicatrizante, antibacteriana, antisséptica, fungicida, ativa também em alergias. Indicada para curar ou aliviar: feridas e úlceras de qualquer tipo, acne, queimaduras, hemorroidas, reumatismo, dor de coluna, dermatites, furúnculos, abscessos, coceiras, picadas de insetos, micoses”, revelou.

Os potes são entregues nas aldeias para as famílias e postos de saúde indígenas quando os salesianos vão até elas fazer o atendimento pastoral. Por causa do atendimento precário à saúde indígena, antes pela FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), agora pela SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), os remédios do padre Giaccaria, muitas vezes, são os únicos existentes nas aldeias. A visita dos salesianos é aguardada por todos os indígenas por entenderem que eles se preocupam com a cura do espírito e do físico.  

Graças à sua tradição e eficácia, a “pomada do padre” é também procurada por muitos indígenas das missões de Sangradouro, São Marcos e Meruri, bem como por muitos moradores da região de Nova Xavantina.

Padre Giaccaria hoje mora em Campo Grande (MS), na comunidade salesiana São Paulo VI, para receber os cuidados e atenção necessários diante dos problemas de saúde que chegaram com a idade avançada. Está consciente, lúcido e com boa saúde. Frequentemente é visitado pelos líderes indígenas que vem à sede inspetorial para tratar de outros assuntos, e que reservam tempo para encontrar o missionário a quem reconhecem pelo trabalho e dedicação de toda sua vida aos povos originários xavante.