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Missa marca encerramento da fase diocesana da Causa de Martírio de P. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo

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O processo diocesano é a primeira fase do longo caminho da causa de martírio do P. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo até o reconhecimento da santidade dos dois Servos de Deus na Igreja. O processo foi iniciado em 15 de julho de 2016, na ocasião do 40° aniversário de morte dos dois Servos de Deus. No  dia da festa de São João Bosco – 31 de janeiro –  aconteceu o encerramento desta primeira fase com uma grande Celebração Eucarística em Meruri, no local onde sacerdote e indígena foram imolados.

De acordo com o vice-postulador da causa de martírio, padre Paulo Jácomo, mais de 40 testemunhas foram ouvidas durante essa primeira fase do processo, além de outras pessoas que não entraram no rol das testemunhas, mas que complementam as histórias narradas sobre a vida dos dois personagens. “Nós já fomos até a Alemanha, entrevistamos os parentes do padre Rodolfo para conhecermos uma fase do padre Rodolfo que a gente não conhecia, que é a infância, a adolescência até a sua vinda para o seminário. E também para conhecer um pouco mais da figura do padre Rodolfo como padre na sua terra, em meio aos seus parentes e amigos, e aqui também, as pessoas que conviveram com ele, os que estavam ali no momento do ocorrido.  Quem presenciou o fato sempre diz que é um acontecimento marcante, que nunca se esquece, e que as imagens estão sempre presentes na memória”, observou o salesiano.

O processo já está finalizado. Nas últimas semanas, o padre João Bosco Maciel, que é o presidente da Comissão Histórica, fez os últimos ajustes no “Documento de Cópia Pública”, que reúne artigos de jornal, fotografias, escritos e testemunhos da época, que foram publicados em diversos veículos de comunicação sobre os fatos em questão. Tudo será encaminhado para Roma, onde começa uma segunda fase do processo, também chamada de “fase Romana”. “Nós sabemos que Dom Bosco sonhou com estas terras, sonhou com o trabalho dos salesianos, sonhou com aqueles que derramariam seu suor e sangue aqui nesta região”, lembra o sacerdote encarregado dos levantamentos históricos da causa de martírio. “Nessa segunda fase, toda essa documentação vai ser avaliada, analisada pelos peritos da Congregação para a Causa dos Santos, junto com outras comissões, para depois ser feita a declaração de martírio do Padre Rodolfo e do Simão Bororo”, declara o vice-postulador da causa, P. Jácomo.

O processo para reconhecimento do martírio e beatificação ocorre de forma diferente dos processos em que o ‘Servo de Deus a ser beatificado não foi martirizado. No caso dos martirizados, não há a necessidade da comprovação de um milagre para o reconhecimento de martírio. Essa exigência só acontece em uma fase posterior, para a canonização. “Se for comprovado que os dois são mártires, que eles deram a vida de fato, e a gente sabe que sim, não precisa a comprovação de um milagre. Agora, para a fase da canonização, mesmo de um mártir, aí é necessária também a comprovação de um milagre, um acontecimento extraordinário”, afirma o P. Paulo.

Somente a morte do P. Rodolfo e Simão Bororo não são suficientes para que a Igreja os reconheça como mártires e santos. Por isso, todas as pessoas que conviveram com os dois Servos de Deus em vida foram convidadas a testemunhar neste processo. Uma destas pessoas é o P. Gerog Lachnitt, salesiano missionário que veio da Alemanha para o Brasil no mesmo navio que o P. Rodolfo, quando ambos ainda não haviam completado 20 anos de vida. “Rodolfo era um homem de uma fé muito profunda, mas simples, convencido e coerente. Tinha uma santidade alegre, também enfrentando as dificuldades. No estudo era impecável, estudava mesmo para valer. Um exemplo desses seria muito convincente nos dias de hoje”, lembra o salesiano, sem esconder as saudades do amigo.

O dia 31 de Janeiro de 2020, festa de São João Bosco, é também o último dia do mandato do P. Gildásio Mendes como presidente da Missão Salesiana de Mato Grosso. O inspetor salesiano considera um privilégio de ter um Dom de Deus expresso na santidade do P. Rodolfo e Simão. “Na história nós sabemos que Deus sempre mandou profetas santos para atuarem em momentos em que o povo estava em muita necessidade. Mandou Moisés quando o povo precisava de libertação, mandou Francisco de Assis quando precisava renovar a igreja, mandou São João Bosco para cuidar dos jovens pobres. Hoje, Deus nos dá o dom de Rodolfo e Simão, sacerdote e indígena, que dão a vida pelos indígenas. Vivemos um momento histórico e profético em que Deus nos chama a repensar a nossa forma de cuidar dos pobres mais pobres dos tempos atuais, que são os indígenas”, afirma o P. Gildásio.

Com o início da segunda fase do processo, toda a família salesiana é convidada à oração diária pela causa de martírio e beatificação. O bispo diocesano de Barra do Garças, D. Protógenes viu o andamento desta causa de martírio como uma bênção para a diocese. “Foi realmente uma Graça que tudo conduziu para que tudo acontecesse dentro do período que foi proposto e dentro de uma plena tranquilidade. Certamente vai incidir também na vida da nossa igreja na condição de sermos de fato missionários como foi o P. Rodolfo”, finaliza D. Protógenes.

Fotografias: Ir. Fábio Júlio de Souza