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As mulheres são parte fundamental na obra salesiana

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O Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora foi fundado por Dom Bosco e Madre Mazzarello para ser o rosto feminino da proposta salesiana.  

Dom Bosco, desde pequeno, aprendeu com sua mãe a ter grande confiança em Nossa Senhora. Mamãe Margarida sempre interrompia o pesado trabalho no campo para saudar a Virgem Maria. A hora do Ângelus, para a campesina matriarca da família Bosco, era um momento de encontro com Deus e de memória da Anunciação de Maria. A história sagrada de Maria associada aos mistérios da vida de Jesus eram, para João Bosco e toda a sua família, uma perene interpelação acerca da autenticidade da vida cristã. Essa presença feminina na vida de Dom Bosco sempre se mostrou importante para a construção de toda a sua obra e se perpetua na frase dita ao final da vida:  “Foi Ela quem tudo fez”, atribuindo a Nossa Senhora todos os méritos pelos frutos obtidos durante toda a vida e trabalho. “Dom Bosco quis que fôssemos ‘monumento vivo’ da sua gratidão à Auxiliadora e nos pede que sejamos o seu ‘obrigado!’ prolongado no tempo. O ‘da mihi animas cetera tolle’ de Dom Bosco e o ‘A ti as confio’ de Madre Mazzarello nos levaram a ser dom total aos pequenos e aos pobres, esta é a alma da nossa missão educativa: levar as/os jovens à salvação e à santidade. Unidas em comunidade, nos comprometemos com voto público a seguir Cristo casto, pobre e obediente a serviço das juventudes”, afirma a irmã Rosângela Maria Clemente, mestra das noviças FMA no Brasil. Neste dia 8 de março, dia internacional da mulher, cabe uma reflexão sobre a importância feminina na obra salesiana e na Igreja.

Vocação — Irmã Rosângela explica que o que diferencia as Filhas de Maria Auxiliadora de outros carismas religiosos é o jeito de ser e de trabalhar na missão: “Nosso modo de ser e de agir inspira-se na caridade de Cristo Bom Pastor. O carisma salesiano leva-nos ao encontro das crianças e jovens. ‘O Sistema Preventivo, característica de nossa vocação na Igreja, é para nós espiritualidade específica e método da ação pastoral’, diz o Art. 7 de nossas Constituições”.

Para conhecer mais sobre a vocação das Filhas de Maria Auxiliadora, uma boa oportunidade é acompanhar o programa “Frequência FMA”, com a irmã Celene Couto Rodrigues, transmitido pela Rádio Dom (www.radiodom.com.br) às quintas-feiras, às 20h, com reprises na sexta-feira às 16h e no sábado às 9h30.

Papa — Por ocasião do dia internacional da mulher em 2018, o Papa Francisco falou sobre o papel feminino na igreja e sua importância histórica no trabalho de evangelização. “As primeiras testemunhas da ressurreição são as mulheres. E isso é bonito. E este é um pouco a missão das mulheres”. O Papa recorda, em muitas ocasiões, as figuras femininas que mais influenciaram seu caminho de fé, como fez imediatamente com a sua avó Rosa ou, recentemente, lembrando uma jovem noviça das Pequenas Irmãs da Assunção que o segurou em seus braços assim que ele nasceu. Um magistério, o de Francesco sobre o gênio feminino, rico de gestos e palavras: do lava-pés, estendido, pela primeira vez, também às mulheres, às visitas às prisões femininas. Da criação de uma Comissão sobre o diaconato das mulheres ao cada vez maior número de mulheres nomeadas em cargos importantes no Vaticano, ainda a escolha de uma mulher, a teóloga Anne-Marie Pellettier, como autora das meditações para a Via Sacra.

No entanto, é preciso enfatizar que a reflexão do Papa Francisco sobre a mulher se move do ponto de vista teológico. Ele afirmou a jornalistas, ainda em 2013 que “uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria”. Francisco enfatiza que “a Igreja é feminina, é esposa, é mãe”. Uma afirmação que é ainda mais significativa lendo-a novamente 4 anos depois, à luz da decisão de escrever no Calendário litúrgico a memória da “Beata Virgem Maria Mãe da Igreja”. Em diversas ocasiões, o Papa se queixa de que na Igreja ainda não se fez “uma profunda teologia da mulher”. Ele fez isso no dia em que se completaram os 25 anos da Mulieris Dignitatem, de São João Paulo II – na qual ele afirma que, na Igreja, “é importante perguntar-se que presença tem a mulher”. Para mim, acrescenta, “gosto também de pensar que a Igreja não é o Igreja, é a Igreja. A Igreja é feminino, é mãe” e devemos “aprofundar a nossa compreensão disso”.

Doutoras da Igreja — Na história da Igreja, há mulheres que deixaram testemunhos importantes, que se abriram ao diálogo, que ofereceram grandes ensinamentos ou que se dedicaram ao próximo. Entre as inúmeras mulheres que se tornaram santas, algumas ganharam o título de “Doutoras da Igreja Universal”, por seu notório saber teológico, ou seja, porque deixaram uma contribuição fundamental para a compreensão de algum ponto da doutrina da Igreja e sua vivência. Até hoje, a Igreja Católica reconheceu 36 doutores, entre os quais quatro mulheres: Teresa de Ávila, Catarina de Sena, Teresinha de Lisieux e, por último, em 2012, a monja beneditina Hildegarda de Bingen.

Salesianas — Santa Maria Domingas Mazzarello é co-fundadora do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Ela é considerada o “braço feminino” da proposta pedagógica salesiana e é fonte de inspiração nas instituições salesianas do Brasil e de outros países. Madre Mazzarello foi mais que uma seguidora de Dom Bosco. Quando afirmamos que ela é co-fundadora da obra salesiana, isso implica reconhecer que ela trouxe elementos próprios, que complementaram a proposta educativa salesiana. Em 2014, quando se completaram 150 anos do primeiro encontro de Dom Bosco com Maria Mazzarello, a Agência Salesiana de Informações (InfoANS) publicou um artigo comemorativo, no qual essa afirmação está bem explícita:

Lê-se na Cronistória: “Dom Bosco chega a Mornese com os seus jovens em 1864 para abrir um colégio aos meninos do lugar. Maria olha para ele e exclama: “Dom Bosco é um santo, eu o sinto”. Dom Bosco visita a pequena oficina das Filhas da Imaculada e fica muito impressionado”. Com o passar dos anos há uma mudança de sentido: de pontos de vista, de proposta-aceitação, de partilha, de colaboração em vista do surgimento e da consolidação de uma nova realidade para a qual convergem os dois polos da relação, correspondendo não apenas psicologicamente e espiritualmente, mas também historicamente. De fato, Maria Domingas foi para Dom Bosco um verdadeiro “auxílio” precisamente pela sua compreensão e intuição feminina na percepção do carisma salesiano, e pelo seu empenho total e absoluto ao levar à realização um desígnio providencial. A sua contribuição na fundação do Instituto foi, portanto, substancial. (InfoANS: “150 anos da primeira visita de Dom Bosco a Mornese”).