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Entrevista: Madre Geral e conselheiras falam sobre o capítulo geral das FMA

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O Portal de notícias das FMA (www.cgfmanet.org) publica diariamente informações sobre os desdobramentos do Capítulo Geral 23 das FMA (Filhas de Maria Auxiliadora), iniciado em dia 22 de setembro, em Roma, na Itália.

Nestes dias dedicados ao aprofundamento do tema capitular “Ser hoje com os jovens casa que evangeliza”, o Portal das FMA solicitou a madre geral, Yvonne Reungoat, e a algumas conselheiras gerais para compartilharem algumas reflexões sobre o significado do Capítulo Geral para as FMA e também para a Família Salesiana. Confira a entrevista:

Portal das FMA: o que significa sentir-se comunidade eclesial em caminho neste nosso tempo?

Madre Yvonne Reungoat: a vida religiosa é caracterizada fortemente pela dimensão eclesial. Não é algo “ao lado”, mas “dentro” da Igreja e é expressão da vida eclesial. As raízes trinitárias da comunidade religiosa evidenciam a dimensão de comunhão na Igreja. O carisma, de fato, é um dom à Igreja: em diálogo com os outros carismas colaboramos com a sua construção. Dom Bosco e Madre Mazzarello consideravam o amor à Igreja e a fidelidade ao Magistério do Papa como característica importante da vida salesiana. Em comunhão com Papa Francisco nos sentimos um Instituto em saída que vai ao encontro das jovens e dos jovens mais pobres. Com a nossa proposta educativa nos comprometemos a ser sinal visível do amor de Deus, a realizar gestos concretos de proximidade, amor, solidariedade, recordando as palavras de Dom Bosco: “Os jovens não sejam somente amados, mas sintam que são amados”. Como comunidades educativas somos expressão da comunidade eclesial e universal, chamadas a ser profecia de fraternidade e a colocar-nos em rede e Família Salesiana para ser testemunho de caridade na Igreja e na realidade.

Portal das FMA: como a experiência formativa do Capítulo poderá mudar a nossa vida e a vida das comunidades depois do retorno para casa?

Irmã Maria Américo Rolim: o Capítulo é uma grande experiência de discernimento, de comunhão e de renovação. De discernimento porque é um tempo e um espaço privilegiado para escutar Deus que nos fala não só pessoalmente como FMA, mas como comunidade mundial. O que Deus espera das FMA e das comunidades educativas hoje? Qual resposta nova é chamada a dar ao mundo, à Igreja e em particular aos jovens? O Capítulo é, além disto, um grande laboratório de comunhão, porque é sinal de unidade e de harmonia na diversidade e, portanto, forma e renova a pessoa, abre-a ao confronto, à partilha de experiências, à avaliação da autenticidade da fidelidade, à construção conjunta das linhas de futuro do Instituto. É um precioso tempo de renovação no qual se compreende a própria identidade carismática à luz dos desafios do hoje para renovar a qualidade de vida, das relações, da paixão do “da mihi animas”; para viver em saída missionária rumo às periferias geográficas e existenciais onde se encontram os jovens mais pobres. A experiência formativa do Capítulo Geral 23 não se concluirá no dia 15 de novembro. Retornaremos com novo entusiasmo às comunidades e assumindo a novidade da mensagem capitular seremos artífices de mudança e de nova fecundidade carismática.

Portal das FMA: quais são as expectativas e os desafios dos jovens de hoje? Qual a dificuldade e o desafio no diálogo com os jovens?

Irmã Maria del Carmen Canales: dos muitos diálogos e encontros realizados em diferentes partes do mundo percebi em muitos jovens a expectativa de esperança, de paz para aqueles que vivem situações de guerra, violência, injustiça, de trabalho para expressar as próprias capacidades e riquezas, de simplicidade e sobriedade, de felicidade, de sentir presente o Deus da vida abundante em suas vidas, de adultos verdadeiros que saibam colocar-se ao lado com humildade. Muitos os desafios colhidos: medo do presente e do futuro, medo de serem abandonados pelos pais, em alguns contextos de serem vendidos como mercadoria, de não poder ter acesso à cultura e ter que trabalhar desde muito pequenos, sem poder viver a infância e a adolescência, medo do limite, da incerteza, do desconhecido. A dificuldade para colocar-se à escuta dos jovens é porque não conseguirmos descentrar-nos de nós mesmos para poder realmente acolher os jovens e as jovens do jeito como são, de não saber mudar com eles. O desafio mais comprometedor é o de acompanhá-los delicadamente e com ternura, escutando de verdade os seus apelos, sem querer dar logo respostas, mas buscando-as juntos, com paciência, acreditando neles, segundo o estilo de Jesus ressuscitado no caminho para Emaús.

Portal das FMA: qual a experiência da Família Salesiana no Capítulo Geral 23?

Irmã Maria Luisa Miranda: eu diria que é uma experiência de participação ativa, ou melhor, de interação contínua. Da preparação do Capítulo Geral nas diversas inspetorias até o precioso momento vivido nestes dias com os representantes dos leigos e dos jovens de todo o mundo, a Família Salesiana esteve presente e envolvida. Penso que cada dia mais descobrimos e observamos que o nosso carisma é uma graça compartilhada por muitas pessoas; que o dom que recebemos com a nossa vocação de FMA, o Espírito Santo continua a dá-lo a muitos outros jovens e adultos, que têm no coração a mesma paixão que ardia no coração de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Penso que nesta sinergia, as capitulares experimentem a beleza e a importância de sentir-nos Família Salesiana na pluralidade das vocações e na unidade de um único carisma, cuja finalidade é colaborar para que os jovens sejam felizes aqui e na eternidade. O futuro do carisma salesiano se entrevê cada vez mais como comunhão de pensamento, de intenções e de ações em rede como Família Salesiana. Dom Bosco nos pensou e nos quis assim. O sentido de família que hoje os jovens procuram, nós podemos oferecer, de fato, se vivermos conscientemente e concretamente, em comunhão, o “Da mihi animas coetera tolle”.