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Somos todos missionários

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Mensagem do Reitor-Mor para Dezembro:

Novamente o Senhor nos chama pelo nome, nos consagra e nos convida a sermos como o seu amado filho, Jesus Cristo, e a anunciá-lo. Eu vos convido e vos peço: sejam justos em Deus, sirvam sem privilégios e cumpram sempre a vontade do Pai.

Dom Bosco quis ter as Congregações e Institutos “de saída”. Somos uma família que teve um Pai com um coração tão grande e apaixonado que não podia parar de sonhar e assim nos ofertou muitos sonhos missionários e que são, ainda hoje, os nossos sonhos.

Valdocco, Maria Auxiliadora, Expedições Missionárias: uma tríade preciosa para oferecer à humanidade, sobretudo aos jovens e aos mais necessitados da nossa aldeia global, o nosso carisma compartilhado do qual todos nós somos corresponsáveis. Uma tríade que nos faz chegar até o fim do mundo!

De fato, o nosso amado Dom Bosco a fez chegar até a longínqua e quase desconhecida Terra do Fogo, no extremo sul de outra região não menos inexplorada, a Patagônia, terra de povos corajosos abertos à transcendência e ao amor pela terra, pela criação. Aquela foi uma obra que necessitou de tantos sacrifícios e esforço, e que ajudou no crescimento e desenvolvimento não somente da fé, mas também da cultura e da sociedade nos países dessa região. Hoje temos um papa vindo dali e que, na audiência com o Capítulo Geral, nos expressou esse mandamento-desejo: “Les pido, no me dejen la Patagonia!” (“Vos peço, não abandonem a Patagônia!”).

Gostaria de lhes deixar três lembretes, como fazia Dom Bosco. O primeiro se inspira no profeta Ezequiel e é esse:

Ser justo em Deus

Ser justo significa ser transparente, não ter palavras dúbias nem intenções ocultas. Somos chamados a sermos sinceros, às vezes astutos no sentido evangélico, como Jesus nos ensina, mas sempre homens e mulheres nos quais não há falsidade, como Natanael. Ser justo significa ser claro nas suas motivações, ser capaz de dizer a verdade sobre nós mesmos e aos outros.

Não se parte em missão (qualquer tipo de missão, inclusive a de reitor-mor) se alguém procura a si mesmo, se alguém procura o poder de impor-se aos outros, se alguém crê profundamente que aquilo que traz consigo, não somente tem um grande valor – seguramente o tem! – mas que é superior, melhor do que aquilo que encontrará nas pessoas e nos lugares que chegar. Ser justo em Deus é mergulhar plenamente no coração misericordioso de Deus que ama o pecador e lhe dá sempre uma outra oportunidade e sempre está disposto a recebê-lo e abraçá-lo como um filho amado que vem de longe…

Para ajudar-nos, o Salmo 25 nos ensina a orar com todo o coração: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, / ensina-me tuas veredas. / Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me…”.

A carta de Paulo aos Filipenses me inspira uma segunda palavra:

Servir sem privilégios

O apóstolo deixa para a história um dos hinos que seguramente os primeiros cristãos recitavam na liturgia. Um hino que é também um ato de fé: “Jesus Cristo, por estar na condição de Deus, não teve o privilégio de ser como Deus, mas despojou a si mesmo, assumindo uma condição de servo…”.

Caríssimos, o nosso privilégio mais precioso é sermos chamados a viver como Jesus, que despojou a si mesmo assumindo uma condição de servo! Cada um de nós é, mesmo que de diversas maneiras, servo ou serva dos outros. Também aqui, a tentação natural do poder vem vacinada pelo exemplo claro e transformador de Jesus. Colocar-nos a serviço daqueles a que somos destinados, colocar-nos a serviço daqueles que são indiferentes, nos recusam ou combatem. Sermos colocados à prova e podermos cuidar de nós mesmos, da nossa comunidade, dos nossos irmãos e irmãs… mas com disposição de fazê-lo pela vida toda. Ir em missão é responder ao chamado de doar a própria vida até o último suspiro, como Dom Bosco fez pelos seus-nossos jovens. Que o nosso privilégio seja sempre o atendimento aos que têm mais necessidade, aos jovens em maior situação de risco e às populações mais pobres.

Enfim, chegamos à terceira palavra que eu gostaria de compartilhar com vocês:

Cumprir a vontade do Pai

Cumprir a vontade do Pai é a única perspectiva válida na nossa vida como batizados e consagrados. Não há outra. E a vontade do Pai não se cumpre por si, independentemente, acreditando-se em uma nova versão de salvadores. Nunca! Nenhum de nós é chamado a ser o Messias! Nenhum de nós é chamado a prescindir do discernimento comunitário, do trabalho em comum, de empenhar-se lado a lado com os outros educadores pastorais, e, apesar das distâncias, de não estar em profunda comunhão de alma e de intenções, de oração e afeto.

Irmãos e irmãs, o Senhor nos chama e nos convida a sermos discípulos missionários que vivem não somente o grande mandamento de Jesus de amarmos uns aos outros, mas de tornar realidade o sonho-desejo de Jesus que orou em sua despedida: “Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um” (Jo 17,11).

Cumprir a vontade do Pai é testemunhar ao mundo que somos capazes de sermos irmãos e irmãs, entre nós e entre todos os homens e mulheres de boa vontade, além das crenças, da fé, da religião ou dos costumes.

Novamente o Senhor nos chama pelo nome, nos consagra e nos convida a sermos como o seu amado filho, Jesus Cristo, e a anunciá-lo. Eu vos convido e vos peço: sejam justos em Deus, sirvam sem privilégios e cumpram sempre a vontade do Pai.

Somente com a proteção maternal e terna de Maria, a Mestra de Dom Bosco, e com o seu ensinamento cotidiano, podemos nos tornar verdadeiros discípulos missionários e ajudar de tal maneira que”…cada língua proclame: ‘Jesus Cristo é o Senhor!’ a glória de Deus Pai”.

Tradução: Elaine Tozetto