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Salesianos celebram 46 anos do martírio de P. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo – Parte 3

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Nesta terceira parte do artigo escrito pelo P. Gonzalo Ochoa, podemos entender o ministério do Servo de Deus, P. Rodolfo Lunkenbein. A fé o levou à consagração total como salesiano em tanta intensidade que o martírio foi a coroação da sua entrega plena ao Reino de Deus.

 

Rodolfo era um homem de paz. No seu compromisso pelos bororo fez também tudo o que estava ao seu alcance para que os moradores que iriam ter que sair da nova reserva não ficassem prejudicados. Foi com essa intenção que aceitou o encargo de fazer o levantamento de todas as posses e de todos títulos, das benfeitorias e até das árvores frutais que cada morador tinha no seu quintal. Seu desejo de paz ficou gravado no sermão que ele fez no último Natal que celebrou com a presença de bororo e brancos, meio ano antes de sua morte:

Temos aqui um grupo de representantes dos nossos vizinhos e amigos da região, mostrando assim que todos nós somos uma única família, índios e civilizados, mostrando assim que acreditamos todos neste Deus Menino que se tornou nosso irmão, que nasceu, viveu e morreu para que todos nós pudéssemos já nesta terra ter um pouco da felicidade que um dia haveremos de encontrar na vida eterna”.

Na sua visão evangélica, Padre Rodolfo soube construir também um clima de muito amor dentro de sua família, com os seus irmãos bororo, com os seus irmãos e as suas irmãs de missão, com os seus companheiros de CIMI, como o demonstram todos os depoimentos das pessoas que o conheceram em vida e o choraram depois de sua morte.

“Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35)

Podemos ver um detalhe desta solidariedade entre os missionários documentado no livro das Crônicas de Meruri correspondente ao dia 13/10/1976, pouco menos de três meses depois da morte do Padre Rodolfo e de Simão Bororo:

“A Irmã diretora segue rumo a Diamantino a fim de, em solidariedade, representar a comunidade nos funerais do Padre João Bosco Bournier, Jesuíta, que foi tristemente assassinado. O Padre João Bosco estivera aqui conosco durante dez dias, logo após a morte do Padre Rodolfo, dando-nos o conforto da sua doce pessoa, impregnada de bondade, serviço e piedade. Por várias vezes o surpreendemos de joelhos no chão, rezando no túmulo do amigo”.

O martírio cristão não é um acontecimento repentino, improviso. É antes de tudo uma graça de Deus. É também o coroamento de uma vida de muito amor e de compromisso com o Reino de Deus, no seguimento do Mártir Divino.

“Também hoje – escreve Rodolfo em uma de suas cartas –, o missionário deve estar disposto a sacrificar a sua vida”.

Não há nada mais bonito que morrer pela causa de Deus. Este seria o meu sonho”, revela Rodolfo no último diálogo com sua mãe. E este sonho, como o sonho de Jesus de dar a sua vida pela vida do mundo, como o sonho de Dom Bosco que viu vários de seus filhos dando a vida no paralelo 15 pela evangelização dos povos destas terras, se realizou em Meruri, quarenta anos atrás. Rodolfo se juntou a muitos outros de seus irmãos missionários mártires: Padre Thannuber, Mestre Peregrino, Padres Fuchs e Sacillotti, Santos Versiglia e Caravário, e foi o primeiro na longa lista dos missionários(as) consagrados(as) e dos apóstolos leigos que, depois do Concílio Vaticano II, aqui na América Latina, no Brasil, no CIMI, como o Padre João Bosco Bournier, o Irmão Vicente Canhas, Dom Romero, Irmã Dorothy, o Padre Balduíno, e tantos outros que, como grãos de trigo caídos na terra, morreram para produzir frutos de nova vida para muitos povos. Também Simão Bororo encabeça a lista de centenas e centenas de mártires indígenas que continuam morrendo pela vida de seus povos.

Meruri , 1º de Abril de 2016,77º aniversário do nascimento do Padre Rodolfo Lunkenbein

P. Gonzalo Ochoa, sdb.