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Pós-noviços celebram Via-Sacra no Curatorium do Instituto São Vicente

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Final de tarde, a pouca luz natural destaca as luzes das velas que acompanham a cruz à frente da procissão. Os jovens salesianos do curatorium do pós-noviciado no Instituto São Vicente em Campo Grande iniciam a celebração da Via Sacra em uma das estradas internas da estação agrária UCDB.  A sexta-feira – primeira desta Quaresma, é dia propício para a recordação da Paixão do Senhor, uma das práticas de piedade características deste tempo litúrgico. A celebração no Instituto São Vicente culminou com a Missa, na capela interna do curatorium.

“Esta prática penitencial nos acompanhará durante todas as sextas-feiras da Quaresma, precedendo a celebração da Santa Missa, o grande memorial por meio do qual se atualiza, no tempo presente, o Sacrifício Redentor do Cristo Senhor”, escreveram os pós-noviços em uma das suas redes sociais.

História — Dom Estêvão Bettencourt, OSBM, da revista ‘Pergunte e Responderemos’, de número 26, de fevereiro de 1960, fala-nos sobre a tradição do valoroso exercício de piedade que é a Via-Sacra.

Segundo o bispo, a Via-Sacra é um exercício de piedade em que os fiéis percorrem mentalmente o caminho de Jesus Cristo, do Pretório de Pilatos até o monte Calvário. Esse exercício é muito antigo e remonta os primeiros séculos da Igreja Católica. Com o passar do tempo, a celebração tomou forma até chegar à Via-Sacra como conhecemos hoje.

O primeiro itinerário que seguia o caminho percorrido por Jesus surgiu em 1187, entre os cristão que visitavam a Terra Santa. Porém, somente no fim do século XIII, os fiéis passaram a separar a Via dolorosa do Senhor em etapas ou estações. Cada uma dessas etapas era dedicada a um fato do caminho da Cruz que Jesus Cristo percorreu, sempre acompanhada por uma oração especial. Mas por causa da limitação que os maometanos impõe no acesso aos lugares sagrados, os cristãos passaram a ter um programa para a visita desses lugares santos, relacionados à Paixão de Cristo.

Via crucis — No fim do século XIV, já havia um roteiro comum que percorria, em sentido inverso, a Via crucis. Este começava na Igreja do Santo Sepulcro, no Monte Calvário, e terminava no Monte das Oliveiras. As estações desse caminho eram bem diferentes da via atual. Alguns autores do fim do século XV, como Félix Fabri, afirmavam que aquele itinerário – do Calvário ao Monte das Oliveiras – era o mesmo que a Virgem Maria costumava percorrer, recordando a Paixão de seu amado Filho Jesus Cristo.

Os peregrinos que visitavam a Terra Santa, no fim da Idade Média, testemunhavam um extraordinário fervor, pois arriscavam suas vidas na viagem e se submetiam às humilhações e dificuldades impostas pelos muçulmanos ocupantes da Palestina. Tal fervor fez com que muitos cristãos, que não podiam ir à Terra Santa, desejassem trocar a peregrinação pelo exercício de piedade realizado nas igrejas e mosteiros. Esse desejo fez com que fosse desenvolvido o exercício do caminho da Cruz de Jesus Cristo.

O fervor levou os fiéis a percorrerem o caminho doloroso do Senhor Jesus na ordem dos episódios da história da Paixão de Cristo. A narrativa da peregrinação do sacerdote inglês Richard Torkington, em 1517, mostra que, no início do século XVI, já se seguia a Via dolorosa do Senhor na ordem dos acontecimentos. Isso possibilitava aos fiéis a reviverem, mais intensa e fervorosamente, as etapas dolorosas da Paixão.

Com informações: P. Natalino Ueda (CN)